Assimetria bariƓnica: Onde estƔ toda a antimatƩria do universo?
- Eduardo Sato
- 26 de jun. de 2020
- 2 min de leitura

Descobertas cientĆficas podem nĆ£o apenas melhorar nosso entendimento das leis fundamentais que regem a natureza, mas por vezes levam a mais questionamentos e dĆŗvidas acerca do funcionamento do universo. Um exemplo foi a descoberta das antipartĆculas que ainda geram perguntas na cabeƧa dos cientistas ao redor do mundo.
Ā Ā Ā Basicamente, temos que toda partĆcula possui um parceiro que Ć© muito parecido, porĆ©m tem cargas opostas. Por exemplo, o pósitron Ć© a antipartĆcula do elĆ©tron, tendo exatamente a mesma massa, porĆ©m com carga elĆ©trica positiva.
Ā Ā Ā As antipartĆculas foram previstas por Paul Dirac em 1928 enquanto ele desenvolvia uma versĆ£o relativĆstica da teoria quĆ¢ntica do elĆ©tron. Esta previsĆ£o foi confirmada em 1932 por Carl Anderson, que descobriu o pósitron em experimento conhecido como ācĆ¢mara de nuvensā. Desde entĆ£o surge a pergunta: āOnde estĆ” toda a antimatĆ©ria do universo? Por que encontramos ela de maneira tĆ£o rara?ā
Ā Ā Ā O próprio Dirac percebeu isto e na aula em comemoração ao seu prĆŖmio Nobel disse: āSe aceitarmos a visĆ£o de completa simetria entre cargas elĆ©tricas positivas e negativas em respeito Ć s leis fundamentais da natureza, nós devemos considerar um acidente que a Terra (e presumidamente o sistema solar inteiro), conter predominantemente elĆ©trons negativos e prótons positivos. Ć possĆvel que para algumas estrelas seja o contrĆ”rio, sendo essas estrelas constituĆdas principalmente de pósitrons e prótons negativos. De fato, podemos ter metade das estrelas de cada tipo. Os dois tipos de estrelas teriam exatamente o mesmo espectro, e nĆ£o existiria uma maneira de distingui-las com os mĆ©todos astronĆ“micos atuais.ā¹
Atualmente, conseguimos medir a proporção entre matĆ©ria e antimatĆ©ria no universo, para cada antipartĆcula existem bilhƵes de partĆculas, sendo assim o universo predominantemente constituĆdo de matĆ©ria. Mas a pergunta continua: āPor que hĆ” um predomĆnio de matĆ©ria sobre antimatĆ©ria?ā.
Um universo feito trocando todas as partĆculas por antipartĆculas seria praticamente igual, entĆ£o nĆ£o hĆ” motivo aparente para as partĆculas serem āespeciaisā. Ć mais interessante ainda pensar neste tópico quando consideramos que segundo a teoria do Big Bang, quantidades iguais de matĆ©ria e antimatĆ©ria foram criadas no inĆcio do universo.
Quando partĆculas e antipartĆculas se encontram acontece a chamada āaniquilação de paresā, isto Ć©, as partĆculas sĆ£o convertidas em radiação. Se quantidades iguais sĆ£o geradas no Big Bang, matĆ©ria e antimatĆ©ria deveriam quase que totalmente se aniquilar e o universo que conhecemos nĆ£o seria formado. O que aconteceu para permitir sua formação?
Este problema Ć© conhecido como āAssimetria bariĆ“nica do universoā, e busca explicar qual mecanismo tornou possĆvel o predomĆnio de matĆ©ria que permitiu a evolução do universo para este que conhecemos. Ainda Ć© um grande problema em aberto para a FĆsica e Cosmologia, sendo pesquisado por muitos cientistas, incluindo este que vos escreve. Quando serĆ” que resolveremos este mistĆ©rio? SerĆ” que a solução levarĆ” a perguntas mais fundamentais e difĆceis de responder? Aguardemos cenas dos próximos capĆtulos!
¹ Tradução livre de: P.A.M. Dirac, Theory of electrons and positrons, Nobel lecture 1933. https://www.nobelprize.org/uploads/2018/06/dirac-lecture.pdf
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